Esta é a origem e significado de La Catrina
On Outubro 30, 2021 by adminLa Catrina, agora a imagem com a qual a celebração do Dia dos Mortos está associada, deve-se ao muralista Diego Rivera, que a despojou da crítica social que lhe deu origem e lhe deu a elegância e a figura com que é conhecida em todo o mundo.
A imagem de La Catrina foi criada em 1912 pelo gravador mexicano José Guadalupe Posada para ilustrar versos rimados para o Dia dos Mortos – conhecidos como “calaveritas” – e para zombar das classes sociais, explica Verónica Zacarías, professora e guia do Museu José Guadalupe Posada, na cidade de Aguascalientes.
Posada, gravador e caricaturista originário de Águascalientes (1852-1913), criou a “Calavera Garbancera”, personagem com a qual criticou os empregados domésticos que desejavam parecer e vestir-se como as senhoras ricas da Cidade do México pós-revolucionária.
“A intenção da Calavera Garbancera da Posada era representar aquelas mulheres que alcançaram um alto status social e que desistiram de seus costumes para tentar se vestir e se comportar do jeito europeu”, aponta Zacarías.
Fizeram-se também duras críticas nos versos que acompanham a ilustração de Antonio Vanegas, editor do jornal onde trabalhava Posada.
“Há belas garbanceras com espartilhos e saltos altos, mas têm de parar nos crânios, crânios do cacho”, lê uma antiga cópia do verso guardado no museu ao lado da placa metálica original usada para a impressão.
O crânio é retratado do peito para cima com uma expressão feliz no rosto e usando um grande chapéu adornado com penas e flores.
Posada desenhava arcos atrás das orelhas, como as criadas costumavam usar, para “lembrar-lhes das suas origens”, acrescenta Zacarías.
A poucos anos antes do início da Revolução, o artista costumava trabalhar em ilustrações com a morte, inspirado em personagens da vida quotidiana que abordava com sátira e humor ácido.
Muitas de suas obras influenciaram artistas como José Clemente Orozco, Leopoldo Méndez e Pablo O’Higgins, diz o professor.
La Calavera Garbancera foi uma de suas últimas obras, mas ele nunca a viu impressa. O gravador criou o personagem em 1912 durante um período de depressão após a morte de sua esposa e único filho, mas só foi publicado em novembro de 1913, 10 meses após sua morte.
A ilustração foi reproduzida em centenas de folhas soltas do jornal que foram vendidas por alguns centavos aos transeuntes na capital, mas permaneceu no imaginário mexicano quando Diego Rivera a incluiu em seu mural “Sueño de una tarde dominical en la Alameda central”, no qual ele queria homenagear Posada.
Zacarías explica que, quando jovem, Rivera conheceu o gravador enquanto trabalhava no seu estúdio no centro da Cidade do México, e após a sua morte, o muralista ajudou a tornar o seu trabalho conhecido em todo o mundo.
No seu mural, além de incluir Posada como uma das personagens centrais, Rivera completou o corpo que faltava na imagem original da Calavera Garbancera, e ao fazê-lo “mudou seu status social” retratando-a com a elegância de uma mulher da alta sociedade, diz ele.
“Quando Rivera a pintou em seu mural, ele mudou seu status, a transformou em uma mulher de classe alta e a chamou de Catrina”, acrescenta o professor, que se veste de personagem durante essas datas para receber os visitantes do museu.
Desde então, a figura estilizada do crânio usando um chapéu e vestidos elegantes está presente em qualquer altar ou decoração alusiva ao Dia dos Mortos no México.
Nesta época do ano, também é comum ver mulheres vestidas como a Catrina nas ruas de qualquer cidade do país.
Valeria López é uma delas. Com a cara feita de branco e vestida com um vestido preto com renda branca, a jovem diz que a celebração do Dia dos Mortos é seu “feriado favorito” e ano após ano ela se veste para manter a tradição.
“Eu gosto de me vestir de Catrina, é o tempo que eu espero o ano todo para colocar isso como um pretexto, porque é uma tradição muito boa para mim”, diz ela.
Desde que ela era uma menina, ela lembra-se, foi ensinada na escola sobre as origens desta personagem, que ela considera a mais “tradicional” e “bela” para estas festividades em que os mexicanos honram os mortos.
JOS/lar
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